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Notas

Sobre traquejo social na internet

Diego Eis

Um dos meus primeiros erros quando iniciei na interwebs era conseguir me comunicar decentemente via texto. Eu me expressava errado, principalmente quando a frase era sarcástica ou irônica. Sempre me faltava timing ou na pior das hipóteses um emoticon, que talvez resolveria todo o problema. Com o tempo fui aprendendo e os maus entendidos foram desaparecendo. Mas esse problema ainda acontece com uma pancada de gente aí fora, desprotegidos, coitados, que digitam frases e mais frases com o maldito capslock travado e que leem mensagens no Facebook como se fosse a primeira página de algum jornal americano.

Eu posso até perceber as amizades indo embora por causa da falta de um emoticon no final da frase, indicando que a zueira never ends. Mas não, o individuo espera que o receptor, do outro lado da tela, saiba a entonação correta da frase que ele acabara de passar horas digitando sobre a foto da fulana bêbada.

Talvez o problema sejamos nós, que interpretamos ao pé da letra as frases alheias jogadas nas redes (anti)sociais por aí. Como assim você não entendeu que a pessoa estava brincando? Não percebeu a quantidade de pontos de exclamação que ele colocou?
Se ao menos tivesse na frase a indicação extravagante das risadinhas. Mas nem o engraçadinho rs foi colocado em lugar algum da frase. Mas desculpa aí… a intenção não foi responder grosseiramente por simples vontade de magoar. Mas agora, meu filho, já foi.

Essa falta de traquejo é comum por aí. Não dá para pedir muito, aliás, eles estão gastando o seu vocabulário faz pouco tempo. Não dá para pedir que eles expressem bem seus sentimentos em apenas três linhas, num comentário sarcástico em um meme qualquer. Não. As mensagens sérias, bem pensadas e pontuadas só podem ser escritas naqueles comentários sobre assuntos sérios como religião, sustentabilidade e até política. Aliás, notaram que de uma hora para outra todo mundo manja de política? Todo mudo odeia o PT ou o PSDB. E ninguém vota na Dilma. Quando se pergunta o que há de errado com a Dilma, poucos respondem uma ou duas frases (sem emoticons nenhum, diga-se de passagem) falando sobre os impostos e a mamata que é ser pobre hoje por causa do bolsa família. Como se ele recebesse a tal ajuda de custo de governo e sentisse na pele o que é estar em uma mamata.

Mamata, meu filho, não existe na internet. O que você colocou lá, já era. O Google pega. Sua esposa pega. Seus amigos do trampo pegam. Qualquer um pega e faz o que quiser. Se você escreve sem emoticon, então… coitado. Falta grave. Vai levar açoitadas até o amanhecer do dia. Mas todo mundo erra e tem o direito de errar. O português não é fácil. E por favor, me desculpe se você, leitor, encontrou erros por aqui, pode ser que fiz de propósito #sqn. Se foi esse o caso, segue um emoticon bonitinho :-)

Ah, a internet. Ela já era complicada em épocas pré-facebook. Agora sim, a zueira never ends. Boa sorte para os que chegam agora. Paciência para os que já estavam aqui antes. Vamos precisar.