Você já deve ter feito algumas avaliações de perfil ao longo da sua carreira. A mais famosinha é o DISC. A primeira vez que fiz o DISC e recebi o resultado, minha cabeça explodiu. Não conseguia entender como um negócio daquele conseguia dar uma descrição quase que perfeita do meu
Você já deve ter feito algumas avaliações de perfil ao longo da sua carreira. A mais famosinha é o DISC. A primeira vez que fiz o DISC e recebi o resultado, minha cabeça explodiu. Não conseguia entender como um negócio daquele conseguia dar uma descrição quase que perfeita do meu perfil comportamental depois de responder algumas perguntas. Mas conforme você cresce, a mágica desses testes perde o efeito e você começa a encará-los de uma maneira mais racional.
Outro dia a firma aplicou um outro teste chamado L.A.B.E.L. Esse teste me pareceu ser mais “tenebroso” que o DISC, sobretudo por que a devolutiva (resultado da avaliação) precisa ser feita por uma especialista formada em psicologia (no meu caso a gloriosa Juliana). O resultado do teste me mostrou que sou uma espécie de anti-herói (ou vilão).
Além de austero, o teste me deu uma série de outros detalhes sobre o meu perfil. Um exemplo foi que ele apontou que sou uma pessoa altamente crítica, autoritária e questionadora (além de outras características que a primeira vista, são ruins para os olhos desatentos). E aí é que vem o motivo pelo qual precisamos de alguém especializado para interpretar o resultado.
Esse teste tentou me mostrar (com bastante sucesso) as características que formam a essência da minha personalidade. As características que são mais expostas, que no gráfico mostram acima da média (ou na média), formam o lado mais forte da minha personalidade. As características que são menos expostas (abaixo da média), são as características mais estranhas para mim. Isso não quer dizer que sou um cara mal por ser questionador ou autoritário, contanto que eu saiba usar isso nos momentos corretos.
Se sentir inadequado é só um reflexo da qualidade de opinião que você tem sobre você mesmo.
Existem momentos em que é necessário ter alguém questionador para estressar a situação, de forma que novas ideias surjam, para que todos tenham clareza da real situação, para que as pessoas sejam provocadas a fazerem o melhor, estimulando um cenário que talvez ninguém tenha visto. Você não consegue (ou pelo menos não com facilidade) fazer isso sendo alguém passivo. Contudo, existem outras situações que ser questionador vai simplesmente desgraçar o momento e a cabeça das pessoas.
Sabendo que eu tenho esse viés, cabe a mim entender como trabalhar isso nos momentos mais adequados, e nos momentos que não convém, eu posso simplesmente me calar.
Se fosse outro momento da minha vida, eu ficaria apavorado por ter tantas características que a sociedade abomina e com certeza ficaria obcecado por tentar adaptar meus comportamentos me baseando por características não naturais da minha personalidade.
Vivemos em um mundo onde se adequar ao “normal” é a regra. Se as pessoas não gostam de pessoas críticas, então você precisa ser mais passivo. Se não gostam de ser questionadas, então você tem que concordar mais. Assim como Byung-Chul Han diz no livro Sociedade do Cansaço: “A sociedade do século XXI não é mais a sociedade disciplinar, mas uma sociedade de desempenho.“ E o conceito de desempenho não é linear, padronizado ou uniforme, mas diferente dependendo do fórum que você frequenta. E, claro, você não frequenta apenas um tipo de ambiente. E é aí que as pessoas entram em parafuso, tentando se adaptar cada cenário.
Pessoas ficam mentalmente doentes por se preocuparem sobre o que os outros pensam do trabalho delas, ou sobre suas capacidades e habilidades.
Eu entendi que se sentir inadequado é só um reflexo da qualidade de opinião que você tem sobre você mesmo. Quando há uma adequação forçada levando em consideração a opinião de outros ou do ambiente, todo tipo de síndromes, depressões e stress aparecem. Alcançar a liberdade é ter consciência de quem você é, controlando seus comportamentos de acordo com a sua personalidade nata.
Saber que eu tenho um determinado perfil, me ajuda a me posicionar com vantagem à frente de momentos críticos. No fim de tudo, não existe bom ou ruim, existe você e o que você é. Conhecer a si mesmo é o que te leva a contemplação da sua própria vida, e da conscientização dos seus atos, parando de viver sob a regra e o conceito de vida de outros ou da sociedade. Você sai do automático e se torna você mesmo.