Essa citação do Aakash é incrível: “Executive: ‘We need to be more innovative.’ Same executive: Still using Excel 2013 and can’t figure out Slack.” - Aakash Gupta
Se você trabalha em tecnologia ou gestão de produtos, já deve ter se deparado com essa situação: a alta liderança exige inovação, transformação digital e cultura ágil, mas ao mesmo tempo, resiste às ferramentas e processos básicos que viabilizam essa mudança. O problema? Um descompasso entre o discurso e a prática.
A Inovação como slogan vs. a inovação como cultura
Inovar não é um botão mágico que pode ser pressionado quando conveniente. Inovação é consequência de uma mentalidade aberta a novas abordagens, ferramentas e formas de trabalhar. Executivos que ainda se prendem a processos, tecnologias e formas de trabalho que não condizem com o discurso.
Não que ficar pesquisando o dia inteiro sobre último modelo de LLMs, como AI está sendo integrado com robos humanóides ou quais modelos de negócio serão modificados por causa dos processadores quânticos daqui alguns anos... seja a obrigação.
Mas é irônico quando são esses mesmos líderes que reclamam da falta de colaboração entre os times, do “excesso de reuniões” e da dificuldade de escalar processos, mas não buscam o mínimo de mudança (pessoal, inclusive) dentro da empresa. Então, chamamos alguém de fora (porque você sabe que santo de casa não faz milagre...), para pegar o relógio do seu pulso e te dizer o horário.
O custo da inércia tecnológica
A resistência em adotar novas ferramentas não é apenas um incômodo operacional, mas um fator crítico para o sucesso ou fracasso da transformação digital. E não se confunda com a transformação digital onde você coloca agilistas para "implantar" scrum na empresa. Acho que você, leitor, já deve estar em outro nível de pensamento. Mas essa transformação digital tem muito mais a ver em entender como a empresa pode se tornar mais eficiente, não só para sustentar seu modelo de negócio para os clientes, mas também para ter uma estrutura mais resiliente.
Aqui eu tenho várias críticas sobre esse pensamento tosco, seguem algumas:
- Ouvir quem está dentro de casa, é uma das maneiras mais baratas e produtivas de fomentar a inovação na empresa. Vejo muitos líderes refletirem a sua própria ignorância nos funcionários. Parece que na entrevista, o candidato é genial. Mas quando é finalmente contratado, essa mesma pessoa não pode mais te trazer respostas satisfatórias.
- Quer inovar, quer fazer diferente, mas as pessoas têm que se virar com o budget que existe hoje... ou seja: nenhum. Veja bem, você pode até ouvir as pessoas de dentro da empresa, mas se você não impulsioná-las além das palavras bonitas e da confiança, não vai funcionar. Do que adianta dar autonomia se você não fornece o mínimo para apoiar essa autonomia. Nem precisa ser só dinheiro, mas também empoderamento, autoridade pública, para que a pessoa não só se sinta com autonomia, mas tenha força real de decisão perante os problemas e os desafios.
- Quer inovar, mas a empresa não consegue nem fomentar uma cultura ambidestra, equlibrando muito bem a sustentação do core, ao mesmo tempo que explora novas soluções ou formatos de modelos de atuação dentro ou fora do mercado de atuação.
Podemos ficar citando aqui um monte desses exemplos, mostrando que liderança inovadora tem mais a ver com comportamento e coragem de agir diferente. Significa, no mínimo, estar disposto a aprender e adaptar-se a novas formas de trabalho. Executivos que realmente querem impulsionar a inovação precisam demonstrar essa mentalidade no dia a dia.
Pessoas que querem realmente construir algo inovador, precisam ter disposição de mudar hábitos, abandonar ferramentas e processos, por mais difíceis que sejam, para adotar novas formas de construção de negócios. Antes de exigir inovação, a liderança precisa demonstrá-la na prática.
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