Um assunto bastante abordado mentorias que faço, é sobre como produto, principalmente PMs, não são envolvidos nas conversas sobre a estratégia da empresa. Meu ponto de vista é bastante pragmático sobre isso: essa é uma visão romantizada da responsabilidade de quem gere produtos .
A estratégia da empresa é sim, decidida por diversas pessoas de várias disciplinas e especialidades, mas não são todos os níveis de responsabilidades que participam dessa decisão, com certeza PMs não estão incluídos nesse grupo.
Acho que muitas vezes as pessoas desconhecem como a empresa decide a estratégia. Não é muito difícil de saber o processo:
- Identificação da hipótese/oportunidade: Geralmente investidores, fundadores, board, C-Level ou até mesmo o time de estratégia, identifica uma oportunidade de negócio, seja na camada core, adjacente ou transformação. Esse input pode ter vindo de qualquer lugar, ok? Empresas já com alta maturidade de ambidestria identificam hipóteses de modelos de negócio de diversos times;
- Análise e investigação: Time de estratégia analisa essa hipótese tentando materializar o máximo possível para diminuir incertezas. Algumas peruntas que eles fazem são: qual o tamanho do mercado? Quais possíveis linhas de receita? É escalável? Conseguimos conectar com o nosso core facilmente? Alguém do mercado já validou essa oportunidade? É possível testar a entrada sem mobilizar muitos grupos na empresa? É fácil de copiar? Tem abertura para múltimas linhas de receita? É viável de operacionalizar? Fusão ou compra de um player do mercado é uma alternativa?
- Ponderação e validação: O highlevel da empresa (fundadores, investidores, c-level, board, todos juntos) estuda e pondera sobre esse novo contexto levando em consideração as pesquisas pelo time de estratégia e também usando seu networking para conseguir mais conselhos e críticas;
- Go No Go: Depois desse processo de imersão e discovery, há uma deliberação, com um fórum que muda de empresa para empresa de que pode ser ou não uma boa ideia atuarmos agora ou depois, ou não atuar, mas deixar no radar;
Isso aí é uma espécie de DISCOVERY DE NEGÓCIO, como veremos nos próximos capítulos. Veja bem que nesse processo, o PM não está envolvido. Em algumas empresas há uma grande possibilidade do CPO se envolver nisso, dado que na minha opinião, uma das responsabilidades de CPO é monitorar novas oportunidades, sendo estimulador principalmente por movimentos externos de tendências do mercado, comportamentos dos segmentos que atuamos e também concorrentes. E não só CPO, mas de todos os outros C-Levels.
O PM, como alguém que gere produtos, tem o foco muito mais no tático de produto, participando um pedaço do seu tempo da formação e manutenção da estratégia do produto.
Nosso esforço em gestão de produtos e gestão técnica é uma vigília constante para diminuir incertezas com o intuito de sustentar e evoluir o que já existe (lembra-se da camada core), mas também identificar oportunidades e iniciativas para que o produto possa se transformar. Muita gente se perde nesse ponto por que tentam atuar em contextos que eles não precisavam atuar.